Ana Beatriz Silva Oliveira, Alessandra Victória, Geovanna Santos, Maria Clara Santos, Kaline Dias, Robervaldo Neto.
Créditos da Imagem: Alunos pesquisadores do ensino médio do Colégio Yolanda.
RESUMO
Este artigo tem como intuito explicitar a defluência da conservação das pinturas rupestres da Serra do Tombador em Jacobina – BA como forma de preservação da história local, evidenciando os impactos resultantes da ação do tempo e do homem, tendo como referência as pesquisas em campo realizadas pelo corpo estudantil do 1° ano médio do Colégio Yolanda Dias Rocha.
PALAVRAS-CHAVE: Rupestre; Tombador; Conservação; Deterioração.
ABSTRACT
This article has order to explain the importance of conservation of paintingsrock saw the Serra do Tombador in Jacobina – BA as a way to preservation of local history showing the impacts resulting from the action of time and human, having as a reference research field carried ou by the student body of the 1st year from high school of the college Yolanda Dias Rocha.
KEY WORDS: Rupestre; Tombador; Conservation; Deterioration.
INTRODUÇÃO
Designa-se como arte rupestre todos os conjuntos de registros precedentes da escrita denominados como pré-históricos que apresentam em sua amplitude a “aglomeração” de desenhos, pinturas e inscrições realizadas pelo homem, contudo destarte os estudos do antropólogo Dean Snow¹ cogita-se que tais manifestações foram realizadas pelas mulheres tendo seu “mérito” agregado aos homens devido a hierarquia de gêneros da época de sua oficialização, desse modo cerca de 75 % das pinturas rupestres encontradas na Espanha teriam tido mulheres como suas executoras.
¹ Graduado em Antropologia na Universidade de Oregon e integrante do Departamento de Antropologia da Pensilvânia como Emérito professor de Antropologia.
No referente ao Brasil encontra-se três tipos de pinturas rupestres: as representações humanas predominantemente no nordeste; os traços geométricos no agreste; e as gravuras nas rochas caracterizando a tradição Itacoatiara. Desse modo há uma exorbitante presença desses elementos rupestres estendidos por todo o território, sendo a arqueóloga franco-brasileira Nièdi Guidón² referência no campo de estudo e preservação das mesmas, sublinhando a Serra da Capivara por tratar-se de uma unidade de conservação arqueológica com uma área de 130 mil hectares abrangendo 900 sítios , dos quais 500 destes possuem pinturas rupestres.
ESTUDO E IMPORTÂNCIA DO PIEMONTE DA CHAPADA: SERRA DO TOMBADOR
Compreende-se por Chapada Diamantina a área de 41 751 km² que alberga a nascente de quase todos os rios das bacias do Jacuípe, Rio de Contas e do Paraguaçu (figura 1), sendo assim a área designada como Piemonte da Chapada Diamantina é correspondente à superfície de declive entre a montanha e a planície, situando-se assim na região de Jacobina. Cabe enfatizar que, do ponto de vista arqueológico, esta região nunca havia sido estudada (Costa, 2010, apud Costa, 2005; Etchevarne, 2005a, 2005b, 2005c e 2007; Prous, 1992; Martín, 1999) até o inicio das investigações de Carlos Alberto Santos Costa para o projeto “Representações rupestres no Piemonte da Chapada Diamantina - região de Jacobina” do doutorado em Arqueologia da Universidade de Coimbra com apoio do Instituto de Investigação Interdisciplinar.
A área total dos Sítios Arqueológicos do Tombador está relacionada a 180 km², onde estão distribuídos 14 painéis ao longo da borda da Serra do Tombador (BARBOSA, 2011), contudo a área de referência da sua denotação Geoambiental corresponde a menos de 30% do “perímetro sincrético”, mais especificamente 27,777...%, abrangendo 50km² (figura 2) sobrelevando o Sitio Arqueológico Toca do Fole, visitado pelos educandos do 1° ano médio do Colégio Yolanda Dias Rocha às 9:25 do dia 17 de março de 2018, sob orientação das professoras Valéria Rizo e Isis Cássia da Silva com auxílio do Geógrafo Leandro Pereira e guias regionais, os quais apontaram que a caverna recebeu tal denominação devido à presença de um fole (ainda presente no local) usitado em decorrência da baixa frequência dos ventos (Figuras 5).
PINTURAS RUPESTRES
Os registros rupestres são, indiscutivelmente, fontes inesgotáveis de informações antropológicas, por isso, podem e devem ser pesquisados sob vários aspectos, como etnológico, estatistico, cronológico ou formas de apresentação e comunicação, além de integrarem o desenvolvimento artístico das faculdades estéticas humanas ( PEREIRA, 2016). Desse modo no referente ao âmbito nacional, sua defluência é explicitada no artigo 20, inciso X da Constituição Brasileira de 1988, o qual delibera as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arqueológicos e pré-históricos como bens da União. Em consequência desta condição, passa a ser dever da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, isto é, todas as instâncias do poder público, proteger os sítios arqueológicos (ETCHEVARNE, 2011 apud art. 23, inciso III).
É imprescindível ressaltar que inobistante ao fato da preservação da arte rupestre ser assegurada legislamente e de Beccaria¹ apontar as leis como “condições sob as quais homens independentes e isolados se uniram em sociedade, cansados de viver em contínuo estado de guerra e de gozar de uma liberdade inútil pela incerteza de conservá-la”, as mesmas estão sendo ineficazes em alguns locais nesse viés de “custódia” já que o Sítio Arqueológico do Tombador fora apontado como “ a caminho da destruição” por Melo² e Fernandes³.
1.Cesare Bonesana, Marquês de Beccaria estudou Literatura, Filosofia e Matemática na França, sendo fundador da sociedade literária formada em Milão que divulgara os princípios fundamentais da nova Filosofia francesa, ademais promoveu a disseminação das ideias hauridas na França para o território italiano, sendo autor do livro “ Dei delitti e delle pene” obra notável ainda hoje usitada pelos criminalistas.
2. Yiolanda Fagundes Melo. Graduada Licenciatura Plena em Geografia – UNEB – Campos IV.
3. Paulo César D’Ávila Fernandes. Professor Mest. em Geoquímica e Meio Ambiente – UNEB – Campos IV.
O sítio citado precedentemente compreende pinturas rupestres de várias “espécimes” sendo elas fitomorfos, zoomorfos, geométricos e antropomorfos, apresentando matiz bi e monocromáticas (Figuras 6, 7 e 8). É imprescindível ressaltar ainda, que mediante às avaliações e estudos realizados no local, é evidente que o mesmo encontra-se em estado de degradação, em decorrência da produção de Fuligem e CO2 acarretadas pela sua utilização por caçadores e trabalhadores, por meio da extração de “arenito Jacobina” e por moradores das redondezas como abrigo, refeitório e cozinha improvisada, com a utilização de fogueiras, (Figura 9) com base de placas do próprio arenito local(MELO, 2012). Sendo assim, os elementos culturais registrados nas rochas por civilizações pré - coloniais estão predestinados a desaparecerem, não apenas por processos dinâmicos bióticos e abióticos, tais como intemperismo e erosão, mas também pela mediação humana, que se traduz em escoriações profundas (MELO, 2012).
³ Graduado em Museologia pela Universidade Federal da Bahia (2001); Mestre em Arqueologia pela Universidade Federal de Pernambuco (2005); Mestre em Arqueologia pela Universidade de Coimbra (2007); e Doutorando em Arqueologia pela Universidade de Coimbra. Professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia.
REFERÊNCIAS
Artigo 20 da Constituição Federal de 1988. Disponível em : https://www.jusbrasil.com.br/topicos/10721600/inciso-x-do-artigo-20-da-constituicao-federal-de-1988
ETCHEVARNE, C. O patrimônio arqueológico da Bahia. A LEGISLAÇÃO BRASILEIRA DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO ARQUEOLÓGICO E SUA APLICABILIDADE. Salvador: SEI, 2011; p.18. Disponível em : http://www.bahiaarqueologica.ufba.br/wp-content/uploads/2013/09/SEP88.pdf
PEREIRA, Thiago. Panorama de arte rupestre brasileira: o debate interdisciplinar. Disponível em: http://www.unicamp.br/chaa/rhaa/downloads/Revista%2016%20-%20artigo%202.pdf. Acessado em: 20 de junho de 2018.
PROUS, André. Arqueologia Brasileira. Brasília: UnB, 1992.
MARTÍN, Gabriela. Pré-História do Nordeste do Brasil, 3ª ed. Recife: EDUFPE, 1999.
COSTA, Carlos Alberto Santos .Sítios De Representação Rupestre Na Região Piemonte Da Chapada Diamantina, Bahia. Disponível em : http://www.anpap.org.br/anais/2010/pdf/cpcr/carlos_alberto_santos_costa.pdf.
BARBOSA, Ademário. Artigo Sobre Pinturas Rupestres Jacobina-BA. UEFS/BA. Geografia do Piemonte. Disponível em: http://geografiadopiemonte.blogspot.com/2011/05/artigo-sobre-pinturas-rupestres-da.html
MELO, Yiolanda Fagundes. OS SÍTIOS RUPESTRES DO TOMBADOR EM JACOBINA-BA, A CAMINHO DA DESTRUIÇÃO. Disponível em : http://www.uneb.br/geocienciasjacobina/files/2012/10/OS-SÍTIOS-RUPESTRES-DA-SERRA-DO-TOMBADOR-EM-JACOBINA.pdf
BECCARIA, Cesar. DOS DELITOS E DAS PENAS. 6ª edição revista da tradução de J. CRETELLA JR. e AGNES CRETELLA; p.31.
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