Hellen Lisandra, Uanna Cândido, Maione Marques, Thaynanda Sampaio, Lyris Freitas
A memória histórica é um dos pilares que dá sentido às nossas origens, preservar a memória é manter vivo quem somos. Quando nos referimos a memória de uma igreja local não é diferente, para além do poder atemporal, por vez, faz-se perceber vários nuances do contexto social e político da sociedade a qual está inserida. A elevada Igreja da Nossa Senhora da Conceição, situada no sopé da Serra, é destaque por seus muros de arrimo e por sua imponência com suas largas escadarias, despertando atenção por quem transite pela rua.
Importante registro histórico arquitetônico, também traz luz para a compreensão do trabalho missionário na cidade no período de colonização, sendo assim, o resgate e a preservação deste patrimônio não faz sentido sem preservar a história dos primeiros personagens, na buscar por melhor compreender o passado e sua heranças.
Erigida por doações da população, a Igreja Nossa Senhora da Conceição, no ano de 1759, para além de sua arquitetura e o contraste entre as cores branca e azul, tem como destaque a imagem da Conceição trazida de Portugal e doada para o templo.
Segundo João da Silva Campos, a igreja pertencia a uma irmandade que teve seu compromisso aprovado, pelo Rei de Portugal em 1758. Uma placa sobre a porta principal registra o ano da construção: 1759. Em 1856, inscrição sobre a porta lateral esquerda indica alguma reforma sofrida pela igreja. Em 1924, ano assinalado sobre a fachada, registra outra reforma, quando parecem ter sido feitas modificações no frontispício.[1]
Em 1938, a congregação dos Padres Cistercienses assume a administração desta e das demais igrejas da cidade. Devido a degradação das fortes chuvas e da ação do tempo, passa por uma reforma no ano de 1957, vindo a ser recuperadas as torres, refeito o telhado, retiradas as escadas de acesso aos púlpitos e construído um sanitário na sacristia direita. O piso da igreja, em tijolo chato, foi substituído por ladrilho hidráulico; o adro, pavimentado com placas de arenito local; as paredes, rebocadas e pintadas; o retábulo repintado. O reconhecimento como patrimônio Histórico se dá com o seu tombamento em Janeiro de 1972, assim como todo o seu acervo pelo SPHAN, atual IBPC-Governo Federal.[2]
A modificação da fachada teve influência tardia neoclássica, constituído na substituição do frontão das volutas e curvas por frontão de volutas e curvas por frontão reto, como foi mais tarde repetido na Matriz de Santo Antônio, que reproduziu, inclusive, a torre assimétrica desta igreja. A determinação piramidal da torre do lado de evangélio surgiu no Recôncavo na segunda metade do século XVIII, em convento franciscano. O altar-mor da igreja é o original e sua talha pode ser classificada como do quarto período da classificação de Lucio Costa.
Percebe-se, assim, que o templo passou por várias reformas, sempre contando com a ajuda dos fies que se preocuparam em garantir a preservação deste patrimônio, criando em 2013 uma comissão com a finalidade de encontrar uma solução e conseguir levantar os recursos necessários, diante ao pronunciamento do Iphan de não possuir condições de arcar com os custos necessário a reforma e para assegurar que as intervenções não viessem a descaracterizar a estrutura o imóvel já tombado, chegando a realizar denúncias ao IFHAN quando necessário, como afirma o ex-prefeito da cidade Flávio Mesquita.
A estrutura do templo, fundado em 1759, está ameaçada pela ação do inseto. O enorme altar e o lugar onde ficava o coro durante as missas correm riscos de desabamentos. “Desde o ano de 2009, quando eu tomei posse aqui, eu já comecei a perceber que havia alguns problemas. O que eu não sabia é que era tão agravante como hoje nós percebemos”, disse João da Silva, pároco da igreja. [3]
Com relação a este aspecto, pode perceber que a preservação e conservação deste patrimônio histórico, muito se deve as ações de parte da sociedade jacobinense, que subentende o significado risório da Igreja Nossa Senhora da Conceição, que, além de um valor material, estético e religioso, conserva em si aspectos relevante da história da cidade. Portanto, estão preservando os referenciais para entender o presente e enxergar o futuro.
[1] BRANDÃO, Maria de Azevedo, CARDOSO, Suzana Alice Marcelino. Jacobina: Passado e Futuro. ACIJA, Jacobina, 1993.
[2] Ver http://portal.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=2912. Consultado em 20/07/2018 ás 19:20.
[3] http://g1.globo.com/bahia/noticia/2013/12/igreja-tombada-pelo-iphan-corre-risco-de-desabar-por-causa-de-cupins-na-ba.html Consultado em 20/07/2018 às 20:40
REFERÊNCIAS
BARROS, José D Assunção. O Projeto de Pesquisa em História: da escolha do tema ao quadro teórico. Petrópolis, RJ, Vozes, 2005.
BRANDÃO, CARDOSO, Maria de Azevedo, Suzana Alice Marcelino.Jacobina: Passado e Futuro. ACIJA, Jacobina, 1993.
LEMOS, Doracy Araújo. Jacobina, Sua História e sua Gente. Grafinort, 1995.
SILVA, Alcira Pereira Carvalho. Jacobina Sim. Salvador, UFBA. Centro Editorial e didático, 1986.
OLIVEIRA, Amado Honorato de. Um Nome em Foco. Gráfica Maxicopy, Jacobina, 2001.
http://portal.iphan.gov.br/ans.net/tema_consulta.asp?Linha=tc_hist.gif&Cod=2912. Consultado em 20/07/2018 ás 19:20.
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